Aos 37 anos, o café não pode esfriar

Reprodução/Internet - autor desconhecido

Durante minha semana, os momentos de reflexões regados a café (quente, espresso ou filtrado) são essenciais.

É o que me faz repensar conversas e erros, aprender, verificar os acertos, organizar o trabalho, definir sonhos, metas e objetivos e muitas outras questões que quando estamos correndo acabamos por atropelar. E sobre correr, após muitas outras xícaras de café, também já refleti e aprendi que o bom mesmo é caminhar, andar.

Minha xícara de café não pode esfriar para que eu sair correndo no intuito de resolver ou socorrer algo às pressas que na verdade pode esperar.

Com o tempo a gente reconhece que somente é possível se cuidar quando escolhemos andar ao invés de correr. Sem dúvida alguma, é bem melhor degustar o que antes era rapidamente engolido em nome de uma correria desnecessária. 

O desacelerar permite que a gente agradeça, perdoe e peça perdão. Também permite exercitar, ler e apreciar sempre uma boa xícara de café.

Já corri bastante para chegar até aqui, porém, hoje, mais um ciclo da minha vida se encerra. Nesse momento, me permito rever fotos, ouvir músicas que fazia um bom tempo que não ouvia. Também, na busca de algumas leituras que possam 
contribuir para as vivências e experiências do novo ciclo, extrai um trecho da obra "Do Universo à Jabuticaba" do saudoso Rubem Alves.

MINHA VIDA...
... se divide em três fases. Na primeira, meu mundo era do tamanho do universo e era habitado por deuses, verdades e absolutos. 
Na segunda fase meu mundo encolheu, ficou mais modesto e passou a ser habitado por heróis revolucionários que portavam armas e cantavam canções de transformar o mundo. 
Na terceira fase, mortos os deuses, mortos os heróis, mortas as verdades e os absolutos, meu mundo se encolheu ainda mais e chegou não à sua verdade final mas à sua beleza final: ficou belo e efêmero como uma jabuticabeira florida.

Aos 37 anos a gente diminui o tom e o passo porque sabe que determinadas afrontas são desnecessárias. 

Muito longe de alcançar a sabedoria de Rubem Alves, mantenho a energia para insistir em algumas "canções de transformar o mundo" afinal, como diria Mario Quintana, 

"lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano Novo Vive uma louca chamada Esperança" 

e dos nossos esforços e da esperança a gente não abre mão. 

Com o tempo vou aprendendo que a opção pelo andar nos leva a renunciar a palavra "depois", porque

Depois? Depois o café esfria, depois a prioridade muda, depois o encanto se perde, depois o cedo fica tarde, depois a saudade passa .. Depois tanta coisa muda .. Não deixe nada pra depois, porque na espera do depois, você pode perder os melhores momentos, as melhores experiências, e os melhores e mais sinceros sentimentos. (Desconhecido).



Elvio Bezerra

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