POÇOS DE CALDAS E SUAS 146 VELINHAS DE ENCANTOS

Foto: Reprodução/Internet

Viver em Poços de Caldas é um presente. A cidade sulforosa esconde em cada esquina histórias encantadoras. Poucas cidades brasileiras registram na memória a passagem de tantas personalidades, tais como imperador Dom Pedro II, os presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, os artistas Sílvio Caldas, Carmem Miranda, Luiz Gonzaga e Orlando Silva, e personagens ilustres como Rui Barbosa, Santos Dumont, o poeta Olavo Bilac e o romancista João do Rio. 
No alto da Serra de São Domingos, com clima tropical ameno o ano todo está Poços de Caldas. A cidade das águas raras e com poderes curativos que alavancou a prosperidade do município desde seus primórdios. As águas minerais que jorram de suas inúmeras termas e fontes com valor medicinal a tornaram mundialmente conhecida. 
Outra curiosidade sobre Poços é: 
- Você mora em Poços? É verdade que você mora sobre um vulcão que pode entrar em erupção a qualquer momento? 
Lendas a parte, vale registrar que Poços de Caldas se encontra em uma região de origem vulcânica; há vestígios de lava vulcânica e segundo estudos geológicos, há estruturas circulares que denunciam a presença de vulcões sendo as águas sulforosas e as riquezas de minerais resultado de manifestações vulcânicas. 
HISTÓRIA
Quanto a história, a região onde hoje se situa Poços de Caldas já tinha proprietário; pertencia, desde 1818, ao capitão José Bernardes Junqueira, e logo após a sua morte, passou a pertencer ao seu sobrinho, Pedro Junqueira. O Senador Joaquim Floriano Godoy declarou de utilidade pública os terrenos junto aos poços de água sulfurosa e determinou também a desapropriação do local. Um expediente que acabou se mostrando desnecessário, porque o próprio capitão se encarregou de doar 96 hectares de suas terras para a fundação do município; o ato foi assinado no dia 6 de novembro de 1872, data em que se comemora o aniversário de Poços de Caldas.
O nome de Caldas veio da tradição portuguesa relacionada com as águas de igual nome existentes em Portugal. Inicialmente era a freguesia de Nossa Senhora da Saúde das Águas de Caldas. Foi elevada a vila, com sede na povoação de Nossa Senhora da Saúde de Poços de Caldas e a denominação de Poços de Caldas, em 1888, tendo sido desmembrada do município de Caldas. Com o aumento considerável do número de veranistas que procuravam Poços de Caldas para repouso ou tratamento e o crescimento de seu renome como estância hidroterápica, foi iniciada, em 1888, a construção do primeiro estabelecimento balneário. Ao presidente Antônio Carlos Ribeiro de Andrada deve Poços de Caldas apreciáveis melhoramentos, que a tornaram a primeira Estância Balnearia da América do Sul. A Comarca foi criada pela Lei estadual n.° 663, ocorrendo sua instalação a 20 de janeiro de 1917, em cumprimento do Decreto estadual n.° 4.687, de 19 de dezembro de 1916. 
ERA DOS CASINOS
Entre tantos encantos da história poços caldense há de ressaltar a era dos jogos. Seria a Las Vegas ou Monte Carlo brasileira? Na época de ouro dos cassinos (1930 a 1946), todas as estâncias hidrominerais no Sul de Minas exploravam dois ramos do turismo: o jogo e a cura pelas águas minerais. A Serra da Mantiqueira era o destino para jogar e Poços de Caldas era a mais movimentada, a ponto de receber o apelido de “Las Vegas brasileira”. O escritor João do Rio, no livro “Correspondência de uma Estação de Cura”, conta que muitos chegavam a Poços com o pretexto de tratamento de saúde, quando na verdade buscava as noites regadas a jogos e diversão nos cassinos e cabarés, que começava às seis da tarde e ia até o alvorecer. 
Em 30 de abril de 1946, três meses depois de assumir a Presidência da República, o general Eurico Gaspar Dutra surpreendeu o país, com um decreto-lei, ordenou o fim dos jogos de azar. Na ocasião milhares de pessoas ficaram sem emprego da noite para o dia e milhões de dólares investidos em suntuosos cassinos e hotéis de luxo se perderam. Após 70 anos, a proibição pode ser derrubada. Tramita no Senado o Projeto de Lei n° 186, de 2014 que dispõe sobre a exploração de jogos de azar em todo o território nacional, o que, caso aprovado, há expectativa da volta dos Cassino a Poços de Caldas. 
Após a proibição do jogo no Brasil, Poços se tornou um atrativo para os casais em lua de mel. Fato curioso é o caso do ex-presidente Lula, que esteve hospedado em Poços após seu primeiro casamento, com Maria de Lourdes Ribeiro da Silva. O casamento de Luiz Inácio foi em maio de 1969, um mês após tornar-se diretor sindical. Após dois anos, Maria de Lourdes faleceu. 
ENERGIA ELÉTRICA
Dos anos contabilizados, outra proeza poços caldense é a energia elétrica. Na mata da Cachoeira das Antas estão as ruínas hidrelétricas. A usina foi a primeira a gerar energia elétrica no município. Inaugurada por Octaviano Ferreira de Brito em 1º de Setembro de 1898, a Pequena Usina Hidrelétrica construída na Cachoeira das Antas gerava 25 kVA, o suficiente para levar iluminação a 150 lâmpadas incandescentes de vela distribuídas pelas ruas e praças e também às 332 casas da Villa. Com isso, não foi apenas a vida dos poucos moradores da Villa que se transformou, mas sim a história da cidade toda (a história está registrada no site do DME Poços de Caldas). 
Em 1902, a Costa & Companhia assumiu a concessão e promoveu aumento significativo na capacidade de geração de energia. O direito de exploração da energia elétrica na cidade pela prefeitura municipal ocorreu em 1927. Em 12 de julho de 1928, a Companhia Sul Mineira de Eletricidade, expandiu ainda mais as linhas de transmissão. No ano de 1954 foi criado, pelo então Prefeito Martinho de Freitas Mourão, o Departamento Municipal de Eletricidade de Poços de Caldas, através da Lei nº 420 de 9 de dezembro. Já em 13 de julho de 1955, o DME teve sua concessão outorgada pelo Presidente da República, Juscelino Kubitschek. 
LENDAS
E os encantos históricos da querida Poços não cessam. Há relatos sem confirmação científica de que Anastásia Romanov, ou Princesa Tamara Gagarin, teria morado na cidade durante exatos 20 anos. A história verdadeira é revestida de incertezas. A Grã-duquesa Anastásia Nikolaevna Romanova da Rússia foi a quarta filha e segunda mais nova do czar Nicolau II e da czarina Alexandra Feodorovna, os últimos governantes autocráticos da Rússia Imperial.Toda a família foi assassinada quando o país deixou de ser uma monarquia e segundo a lenda, que Anastásia teria escapado e fugido para o Brasil, assim como o irmão. Segundo relatos, Anastacia Romanov, está enterrada no cemitério municipal de Poços de Caldas, num túmulo com a denominação de "Princesa Tamara Gagarin", conforme notícia vinculada em meados de 2010 na TV regional (EPTV Sul de Minas – afiliada da TV Globo). A história oficial afirma que Anastacia foi assassinada aos 17 anos em Ekaterinburgo pelos bolcheviques, sendo canonizada pela Igreja Ortodoxa Russa e não apresenta descendência direta. A sua possível sobrevivência foi discutida até 2007 e foi um dos maiores mistérios do século XX. Entre as incertezas poços caldenses, há mistérios não desvendados, entre eles, o enigma Anastácia Romanov. 
OUTROS ENCANTOS
Os encantos de Poços ainda se estendem pela história da extração do minério, da ferrovia, dos famosos bailes e desfiles que certamente renderiam inúmeros livros, contos e outros encantos. 
Das belezas naturais, das manifestações culturais, dos trabalhos sociais, dos maravilhosos festivais, da gastronomia aprazível, da arquitetura inconfundível, das águas curativas, da natureza atrativa; Poços de Caldas, “do recanto encantado, desse povo hospitaleiro”. Poços de Caldas, “são da lembrança os afagos, para os encantos da vida”. Poços de Caldas, “na bela Minas Gerais, Terra por todos amada, que não se esquece jamais”... 
que as vindouras velinhas mantenham suas riquezas e encantos!

Elvio Bezerra

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